quarta-feira, 24 de janeiro de 2018


Vamos falar de arte preta?
Quero falar de duas peças incríveis que acabei de assistir aqui no Rio de Janeiro.
O Topo da Montanha eu assisti ontem, no Méier. Ela é contracenada por Lázaro Ramos e Taís Araújo, e mostra de forma incrível a última noite de Martin Luther King. Num quarto de hotel, o reverendo conversa com uma camareira e, entre várias reflexões da época que continuam extremamente atuais, o roteiro te surpreende violentamente. Destaque pra produção impecável.
Hoje eu assisti Contos Negreiros do Brasil, no SESI do Centro. Uma peça muito original, que mistura atores encenando personagens negros, dados da realidade brasileira, histórias e vídeos reais. Os atores (Rodrigo França, Milton Filho e Valéria Monã) nos fazem pensar sobre racismo, desigualdade, genocídio, objetificação... e força, sobrevivência, luta.
São peças que não só fazem a gente refletir e se emocionar, mas que já são importantes só pela sua existência. Porque nessa realidade de novelas com atores brancos, filmes com atores brancos, comerciais com atores brancos, realitys e programas brancos, nessa realidade que nos ignora, existe sim arte preta. Uma arte que pode não ter o espaço que os brancos tem. Mas está criando seu próprio espaço. Um espaço que cresce cada vez que um de nós vai lá apreciar todo esse talento.
E esse não é um post pedindo pedindo que você “ajude” atores negros. Ambas as sessões que eu fui estavam lotadas. A arte preta já está sendo valorizada e seu espaço já está crescendo. Cabe a você decidir se quer fazer parte disso ou não. ✊🏽

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